Entendendo a Depressão, por Dra. Mariza Matheus

Depressão: Quando a Alma Pede Socorro em Silêncio

Por Dra. Mariza Matheus – Médica Psiquiatra

A depressão é uma das condições mais prevalentes da atualidade — e, ainda assim, uma das mais incompreendidas. Em mais de duas décadas de atuação como psiquiatra, vi muitas pessoas chegarem ao consultório sem saber exatamente o que estavam sentindo, apenas com a certeza de que “algo não estava bem”. Por outro lado, infelizmente ainda há muitas pessoas que julgam e acreditam que depressão seja “falta de amor”, “falta de vontade”, “falta de Deus”, “Preguiça”… etc. Não é incomum o paciente chegar em meu consultório envergonhada, pois acredita que é fraco para lidar com seus sentimentos. Fraco? Não! Depressão não tem relação com fraqueza ou todas essas falas citadas anteriormente.

A verdade é que a depressão nem sempre se apresenta de forma óbvia. Muitas vezes, ela começa de maneira silenciosa, camuflada no cansaço, na falta de vontade, na perda de interesse pelas coisas simples da vida. Começa de forma insidiosa e, na maioria das vezes, o prórpio depressivo nem imagina que está com depressão.

Como identificar a depressão?

A depressão não é apenas tristeza. Sentir-se triste diante de uma perda, decepção ou frustração é natural. A diferença é que, na depressão se torna constante, profunda, e começa a afetar várias áreas da vida. Geralmente esses sentimentos duram mais de 2 semanas e levam a um prejuízo na vida cotidiana da pessoa.

Alguns sinais comuns incluem:

  • Cansaço excessivo, mesmo após dormir bem
  • Alterações no sono (insônia ou sono em excesso)
  • Falta de energia e motivação para realizar tarefas simples
  • Perda de prazer em atividades que antes eram prazerosas
  • Irritabilidade e apatia
  • Alterações no apetite
  • Sensação de inutilidade, culpa ou desesperança
  • Dificuldade de concentração
  • Pensamentos negativos recorrentes, incluindo ideação suicida

O que mais recebo em meu consultório:

  • Irritabilidade
  • hiperfagia (comer mais)
  • Insônia
  • Ganho de peso
  • Procrastinação
  • Falta de vontade para tudo
  • Indiferença
  • Labilidade emocional, com choro fácil e frequente
  • Baixa autoestima
  • Sentimento de inutilidade

Nem todos os sintomas aparecem de uma vez. Em alguns casos, a pessoa continua trabalhando, estudando e interagindo, mas por dentro está lutando para manter-se de pé. É o que chamamos de depressão funcional — silenciosa, mas profundamente desgastante. Há casos que a pessoa ainda permanece com vaidade.

Lembrei de uma paciente que atendi há muitos anos. Ela era profissional da saúde e pensava que não gostava mais da profissão. Arrumava-se impecavelmente, pois não queria que ninguém achasse que algo estava diferente nela. Quando perguntei como ela se sentia em relação à sua vaidade, ela respondeu: “Me arrumo mais ainda, pois se alguém desconfiar que não estou bem e me perguntar como estou, sou capaz de chorar na hora e não tenho paciência em explicar que nada mais faz sentindo na minha vida”. Percebe o peso dessa fala? Então, se você acha que o depressivo tem que estar com a aparência descuidada, entenda que muitas pessoas se arrumam como uma defesa e não porque estão bem. Enfim, quero dizer que não é simples identificar quem tem depressão, pois ela pode ser mascarada de diversas formas.

Por que a depressão acontece?

As causas da depressão são multifatoriais. Fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais podem estar envolvidos. Histórico familiar, traumas de infância, estresse crônico, perdas recentes, doenças físicas, alterações hormonais e até o uso de substâncias podem influenciar o surgimento do quadro.

Não é fraqueza. Não é falta de fé, e muito menos frescura. A depressão é uma doença médica real, que exige acolhimento, compreensão e tratamento adequado.

Quando procurar ajuda profissional?

Se você ou alguém próximo apresenta sintomas por mais de duas semanas, com prejuízos na rotina, nos relacionamentos ou no bem-estar, é hora de buscar apoio.

O tratamento da depressão pode incluir:

  • Psicoterapia (com abordagem adequada ao caso)
  • Medicação antidepressiva, quando indicada
  • Mudanças no estilo de vida: sono, alimentação, atividades físicas e sociais
  • Apoio da rede familiar e afetiva

O mais importante é lembrar: existe tratamento, e ele funciona. Quanto mais cedo a ajuda vier, maior a chance de recuperação e de prevenção de recaídas.

Falar ainda é o primeiro passo

Muitas pessoas chegam ao consultório carregando culpa por “não conseguirem melhorar sozinhas”. Sempre digo: pedir ajuda é um ato de coragem. Buscar tratamento é o início de um caminho possível de retorno à vida com mais leveza, significado e saúde.

Se você se identificou com esse texto, saiba que você não está só. A depressão pode até tirar a cor dos dias, mas com acolhimento e cuidado, é possível reconstruir a esperança.

Com carinho,
Dra. Mariza Matheus
Médica Psiquiatra
25 anos de atuação em saúde mental

Consultório SP: R Domingos de Morais 2781. Vila Mariana, SP. WhatsApp: (11) 99723-8166

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