Reflexões – Mundo Psiquiatria https://mundopsiquiatria.com por Dra. Mariza Matheus Mon, 28 Apr 2025 17:05:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 243705232 Positividade tóxica nas redes sociais https://mundopsiquiatria.com/2025/04/27/positividade-toxica-nas-redes-sociais/ https://mundopsiquiatria.com/2025/04/27/positividade-toxica-nas-redes-sociais/#respond Sun, 27 Apr 2025 12:57:37 +0000 https://mundopsiquiatria.com/?p=42 Já ouviu falar em positividade tóxica?

É aquela pressão (interna ou externa) para enxergar tudo pelo lado positivo — mas de forma exagerada, como se não fosse permitido sentir tristeza, frustração ou simplesmente “estar de baixo astral”. Não é como o conceito de Pollyana (do livro de Eleanor H. Porter), que fala sobre encontrar o lado bom das coisas. Aqui, é quase uma obrigação de ser feliz o tempo todo.

Nas redes sociais, isso é ainda mais evidente. E me pergunto: como isso afeta pacientes com depressão? Nossos humores oscilam, reagimos às situações. Não dá para ignorar sentimentos ruins e fingir que tudo é perfeito — como se, ao não “pensar positivo”, estivéssemos criando nossa própria infelicidade.

Vou falar como uma pessoa normal (acho que sou normal, rsrsrs): tem dias que só quero ficar na minha. Outros em que não tenho ânimo para sorrir ou ser “fofinha”. Não consigo ter o mesmo humor o tempo todo. Isso é o normal (não estou me referindo aos transtornos psiquiátricos). Ao nos cobrarmos uma estabilidade rígida de um estado de humor (no caso, positivo), é como se cobrássemos de nós mesmos para não sermos nós mesmos, entende?

Isso vira um problema quando os momentos negativos dominam nossa vida, mas o excesso de positividade também pode ser prejudicial — uma fuga da realidade, um jeito de evitar conflitos ou soluções necessários.

Sinceramente? Acho cansativo conviver com pessoas exageradamente positivas. Sei que isso é uma máscara “nada saudável” para a psique da pessoa. Prefiro gente real, que assume quando está tendo um dia ruim.

Lembre-se: acordar de “pé esquerdo” não é licença para desrespeitar os outros, mas forçar alguém a ser positivo o tempo todo pode impedi-lo de pedir ajuda quando precisar.

No meu caso, quando percebo que estou crítica demais em relação a esse tema, simplesmente sumo das redes sociais por um tempo. Autoconhecimento é isso: saber quando recuar.

E você? Consegue diferenciar uma pessoa otimista de alguém que está na positividade tóxica?

Minha orientação como psiquiatra: Não há problema em não enxergar o lado bom de tudo. Se os pensamentos negativos estiverem dominando seu dia a dia, afetando seus relacionamentos ou trabalho, busque ajuda. Não se compare a “personagens” da internet — lá, todo mundo parece dar conta de tudo, mas na vida real, somos humanos, com altos e baixos.

Abraços,
Mariza Matheus
(médica psiquiatra que tem dias de mau humor)


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A Eterna Busca do Autoconhecimento https://mundopsiquiatria.com/2025/04/26/a-eterna-busca-do-autoconhecimento/ https://mundopsiquiatria.com/2025/04/26/a-eterna-busca-do-autoconhecimento/#respond Sat, 26 Apr 2025 12:16:42 +0000 https://mundopsiquiatria.com/?p=36 Esses dias, eu estava conversando com minha irmã sobre a angústia constante que nossa psique enfrenta ao tentar definir quem somos. Talvez, durante a maior parte da vida, essa busca não seja consciente — mas chega um momento em que olhamos para dentro, seja por sofrimento ou simplesmente pela maturidade que o tempo traz.

Desde a adolescência, tenho o hábito de questionar a vida e meus próprios comportamentos em diferentes situações. Não é à toa que escolhi a psiquiatria. Acredito que viver é exatamente isso: buscar conhecer-se cada vez mais, entender que todos estamos nessa mesma jornada de autoconhecimento (alguns de forma consciente, outros nem tanto). E, refletindo sobre isso, pergunto: o que realmente faz sentido? Correr atrás de ter sempre mais ou aprender a encontrar paz em sermos quem somos?

Este ano completo 51 anos e posso dizer que estou na minha melhor fase mental. Gosto da minha companhia e já fiz as pazes comigo em muitos aspectos. Se eu partir (falecer) em breve, sairei em paz, satisfeita. Cheguei a um ponto em que essa busca por autoconhecimento tornou-se um processo generoso, não mais angustiante. Entendo que somos mutáveis e que as “Marizas não admiráveis” do passado já se foram. Não fico mais remoendo os “porquês”; vivo o presente sem grandes expectativas, apenas curtindo meus momentos filosóficos, entendendo que a vida segue seu curso — independente dos meus desejos ou apegos.

Se pudesse dar um conselho, seria este: trate-se como seu melhor amigo. Não se aprisione ao passado com rigidez. (Re)comece hoje, seja uma nova pessoa agora. Sempre podemos reescrever nossa história, e o autoconhecimento é, sim, uma busca eterna — porque estamos em constante transformação. Não caia na armadilha das redes sociais, que vendem autoconhecimento como uma fórmula simples, um “passo a passo”. Esse processo é único e, na minha opinião, especial.

Quando enfrentar momentos difíceis, lembre-se: tudo passa. Adoro refletir sobre a impermanência — tudo tem um começo, meio e fim. A vida, para mim, é isso: uma coleção de ciclos que se renovam. O sentido está justamente nessa busca eterna por me entender e, quem sabe, um dia chegar a um ponto onde eu possa dizer: “Estou 100% confortável em ser quem sou”.

E você? Acha que já se conhece por completo?

Eu sigo nessa jornada, mas agora de forma mais serena…

Com carinho,
Mariza Matheus
Médica psiquiatra e “filósofa amadora” 🙂


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