Mariza Matheus – Mundo Psiquiatria https://mundopsiquiatria.com por Dra. Mariza Matheus Sat, 19 Apr 2025 12:05:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 243705232 O CICLO DA VIDA: Relacionamentos https://mundopsiquiatria.com/2025/04/19/o-ciclo-da-vida-relacionamentos/ https://mundopsiquiatria.com/2025/04/19/o-ciclo-da-vida-relacionamentos/#respond Sat, 19 Apr 2025 12:05:55 +0000 https://mundopsiquiatria.com/?p=30 Todo mundo sabe que, ao se relacionar com alguém, é preciso paciência e tempo para ajustar personalidades e diferenças. No início, tudo parece perfeito, como um amor eterno. Mas, com o tempo, percebemos que também não somos ideais. Como assim? Nós não somos perfeitos? Também não correspondemos 100% à idealização do outro — e nem por isso deixamos de ser interessantes.

Por que a perfeição, aquela dos “comerciais de margarina” ou das “fotos do Facebook”, precisa ser o objetivo de um relacionamento? Relacionar-se é estar com o outro, aprender e crescer juntos.

A paixão pode ser passageira e seguir rumos diferentes. E tudo bem! O relacionamento pode esfriar, e cada um pode seguir seu caminho. Mas também pode evoluir para um amor que se fortalece a cada obstáculo superado de mãos dadas. Não temos certezas nem garantias, mas mesmo assim vale o risco.

Desde a infância, criamos idealizações de príncipes e princesas que, na vida adulta, geram grandes frustrações. Acreditar que um relacionamento será sempre um “mar de rosas” é uma ilusão. Crises fazem parte — mas atenção: momentos de crise, não um relacionamento sempre em crise! Se superadas com respeito e entrega, essas dificuldades fortalecem a união.

Relacionar-se exige tempo e aprendizado. A dedicação e o comprometimento devem vir dos dois lados, pois não adianta um lutar sozinho por algo que o outro encara com indiferença. É uma construção diária: começamos cheios de certezas e, ao longo do caminho, enfrentamos dúvidas. Há fases em que o relacionamento parece estagnar e outras em que cresce com força total.

Não estou falando de relacionamentos tóxicos, mas daqueles que, como a maioria, passam por altos e baixos. O príncipe pode virar sapo, e mesmo assim você continuará amando. O sapo pode se revelar príncipe, e você pode não enxergar. Não temos uma bola de cristal! Somos sentimentos que se entrelaçam com os do outro.

Se relacionar fosse fácil, não existiriam milhares de livros sobre o tema. Mas, se fosse impossível, ninguém se arriscaria. Amar alguém especial faz bem ao coração e à alma!

Recentemente, atendi uma adolescente que me perguntou: “Como alguém consegue ficar casado se, depois de um tempo, não há mais assunto?” Ela projetou sua experiência atual nos relacionamentos futuros. Mas não é assim: escolhemos alguém que será, acima de tudo, nosso amigo — mesmo nos momentos de silêncio. Nosso parceiro não precisa corresponder às expectativas dos contos de fada. Ele deve ser real, sem máscaras e, claro, com defeitos.

É fácil apaixonar-se pelas qualidades — e isso acontece no início. Mas são as diferenças que nos ensinam a enfrentar desafios e a manter o amor vivo.

Nos encantamos rapidamente, e a paixão parece infinita. Com o tempo, o outro deixa de ser o centro de nossos pensamentos, mas isso não significa que o amor acabou. Pode ser, na verdade, o primeiro sinal de que está dando certo. E daí se ele(a) não manda mais dezenas de mensagens por dia? A segurança de um coração que bate por dois pode ser o melhor calmante.

Não confunda crise conjugal com desrespeito. Relacionamentos são cíclicos, com altos e baixos. A cada ciclo, uma renovação — e, quem sabe, uma nova paixão pela mesma pessoa!

Seja o parceiro que você gostaria de ter. Pense nisso.

Um excelente final de semana a todos (e Feliz Páscoa!)
Dra. Mariza Matheus

Médica Psiquiatra

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Depressão: Quando a Alma Pede Socorro em Silêncio https://mundopsiquiatria.com/2025/04/18/depressao-quando-a-alma-pede-socorro-em-silencio/ https://mundopsiquiatria.com/2025/04/18/depressao-quando-a-alma-pede-socorro-em-silencio/#respond Fri, 18 Apr 2025 12:40:44 +0000 https://mundopsiquiatria.com/?p=24 Por Dra. Mariza Matheus – Médica Psiquiatra

A depressão é uma das condições mais prevalentes da atualidade — e, ainda assim, uma das mais incompreendidas. Em mais de duas décadas de atuação como psiquiatra, vi muitas pessoas chegarem ao consultório sem saber exatamente o que estavam sentindo, apenas com a certeza de que “algo não estava bem”. Por outro lado, infelizmente ainda há muitas pessoas que julgam e acreditam que depressão seja “falta de amor”, “falta de vontade”, “falta de Deus”, “Preguiça”… etc. Não é incomum o paciente chegar em meu consultório envergonhada, pois acredita que é fraco para lidar com seus sentimentos. Fraco? Não! Depressão não tem relação com fraqueza ou todas essas falas citadas anteriormente.

A verdade é que a depressão nem sempre se apresenta de forma óbvia. Muitas vezes, ela começa de maneira silenciosa, camuflada no cansaço, na falta de vontade, na perda de interesse pelas coisas simples da vida. Começa de forma insidiosa e, na maioria das vezes, o prórpio depressivo nem imagina que está com depressão.

Como identificar a depressão?

A depressão não é apenas tristeza. Sentir-se triste diante de uma perda, decepção ou frustração é natural. A diferença é que, na depressão se torna constante, profunda, e começa a afetar várias áreas da vida. Geralmente esses sentimentos duram mais de 2 semanas e levam a um prejuízo na vida cotidiana da pessoa.

Alguns sinais comuns incluem:

  • Cansaço excessivo, mesmo após dormir bem
  • Alterações no sono (insônia ou sono em excesso)
  • Falta de energia e motivação para realizar tarefas simples
  • Perda de prazer em atividades que antes eram prazerosas
  • Irritabilidade e apatia
  • Alterações no apetite
  • Sensação de inutilidade, culpa ou desesperança
  • Dificuldade de concentração
  • Pensamentos negativos recorrentes, incluindo ideação suicida

O que mais recebo em meu consultório:

  • Irritabilidade
  • hiperfagia (comer mais)
  • Insônia
  • Ganho de peso
  • Procrastinação
  • Falta de vontade para tudo
  • Indiferença
  • Labilidade emocional, com choro fácil e frequente
  • Baixa autoestima
  • Sentimento de inutilidade

Nem todos os sintomas aparecem de uma vez. Em alguns casos, a pessoa continua trabalhando, estudando e interagindo, mas por dentro está lutando para manter-se de pé. É o que chamamos de depressão funcional — silenciosa, mas profundamente desgastante. Há casos que a pessoa ainda permanece com vaidade.

Lembrei de uma paciente que atendi há muitos anos. Ela era profissional da saúde e pensava que não gostava mais da profissão. Arrumava-se impecavelmente, pois não queria que ninguém achasse que algo estava diferente nela. Quando perguntei como ela se sentia em relação à sua vaidade, ela respondeu: “Me arrumo mais ainda, pois se alguém desconfiar que não estou bem e me perguntar como estou, sou capaz de chorar na hora e não tenho paciência em explicar que nada mais faz sentindo na minha vida”. Percebe o peso dessa fala? Então, se você acha que o depressivo tem que estar com a aparência descuidada, entenda que muitas pessoas se arrumam como uma defesa e não porque estão bem. Enfim, quero dizer que não é simples identificar quem tem depressão, pois ela pode ser mascarada de diversas formas.

Por que a depressão acontece?

As causas da depressão são multifatoriais. Fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais podem estar envolvidos. Histórico familiar, traumas de infância, estresse crônico, perdas recentes, doenças físicas, alterações hormonais e até o uso de substâncias podem influenciar o surgimento do quadro.

Não é fraqueza. Não é falta de fé, e muito menos frescura. A depressão é uma doença médica real, que exige acolhimento, compreensão e tratamento adequado.

Quando procurar ajuda profissional?

Se você ou alguém próximo apresenta sintomas por mais de duas semanas, com prejuízos na rotina, nos relacionamentos ou no bem-estar, é hora de buscar apoio.

O tratamento da depressão pode incluir:

  • Psicoterapia (com abordagem adequada ao caso)
  • Medicação antidepressiva, quando indicada
  • Mudanças no estilo de vida: sono, alimentação, atividades físicas e sociais
  • Apoio da rede familiar e afetiva

O mais importante é lembrar: existe tratamento, e ele funciona. Quanto mais cedo a ajuda vier, maior a chance de recuperação e de prevenção de recaídas.

Falar ainda é o primeiro passo

Muitas pessoas chegam ao consultório carregando culpa por “não conseguirem melhorar sozinhas”. Sempre digo: pedir ajuda é um ato de coragem. Buscar tratamento é o início de um caminho possível de retorno à vida com mais leveza, significado e saúde.

Se você se identificou com esse texto, saiba que você não está só. A depressão pode até tirar a cor dos dias, mas com acolhimento e cuidado, é possível reconstruir a esperança.

Com carinho,
Dra. Mariza Matheus
Médica Psiquiatra
25 anos de atuação em saúde mental

Consultório SP: R Domingos de Morais 2781. Vila Mariana, SP. WhatsApp: (11) 99723-8166

Consultório em Uberlândia (MG): Av. Getúlio Vargas 2781, sala 401. Centro. WhatsApp: (34) 99895-2991

Atendimento Online: (34) 99895-2991.

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